O império romano, cujo principal idioma era o latim (e o idioma culto e mais usado na parte oriental era o grego), foi um império que dominou todas as nações e povos que vivam em volta do mar mediterrâneo. Olhando o mapa ali em cima, podemos ter uma idéia de quantas nações de hoje em dia, fizeram parte deste império e temos uma pequena, mas pequena noção de sua influência. E sua influência como idioma, só é superada, pela sua influência como alfabeto (ou você já esqueceu que inglês, alemão, polonês e outros idiomas que não tem nada de latina, usam o mesmo alfabeto).
Hoje, seu idioma só é praticado por historiadores e pela cidade-estado do Vaticano, sede da Igreja (grande responsável pela sobrevivência do idioma).
O latim integra as línguas itálicas e seu alfabeto baseia-se no alfabeto itálico antigo, derivado do alfabeto grego. No século IX a.C. ou VIII a.C., o latim foi trazido para a penísula Itálica pelos migrantes latinos, que se fixaram numa região que recebeu o nome de Lácio, em torno do rio Tibre, onde a civilização romana viria a desenvolver-se. Naqueles primeiros anos, o latim sofreu a influência da língua etrusca, proveniente do norte da Itália e que não era indo-europeia. Mas sua expansão como idioma, se deu em grande parte por suas tropas, que a medida que conquistavam territórios, iam trazendo consigo toda a estrutura do império. O ditado que todos os caminhos levam à Roma, não era figurativo, já que todas as obras de infraestrutura, aquedutos, fortalezas, estradas e muitas outras construções, eram realizadas pelo exército romano. E isso impressionava muitos povos (pelo menos as regiões não influenciadas pelos gregos), que aos poucos iam adotando e influenciando o latim. Aos poucos, a língua popular, ou latim vulgar ia surgindo em cada região do império, mantinha a semelhança e a compreensão do latim clássico, mas com pequenas variações (o que é normal mesmo hoje em dia, o português falado no norte do Brasil tem pequenas diferenças de sotaque, comparado com o português falado no sul do Brasil e com o português falado em Portugal, percebe-se diferenças, mas ainda é possível compreender o que cada um fala).
Mas os anos de ouro romano acabaram e com as invasões dos povos bárbaros (muitos historiadores acreditam que se Roma mantive-se a rigidez e organização de suas tropas, como em seus anos áureos, os povos bárbaros teriam sidos dominados) e a miscigenação e influência dos idiomas dos bárbaros, permitiu o surgimento e a evolução dos latim vulgar para os vários idiomas latinos que temos hoje. Afinal, as diversas regiões deixaram de ter contato entre si e com isso cada região foi tendo uma evolução diferente do idioma. Em parte, a Igreja teve uma grande contribuição por preservar o latim como idioma de culto e por ser o único local por muitos séculos, onde se podia estudar e preservar a cultura.
E com a evolução, hoje, nó temos diversos idiomas de origem latina que, são constituídas pelos seguintes idiomas principais, também conhecidos como línguas neolatinas: português, espanhol, italiano, francês, romeno e catalão. Há também uma grande quantidade de idiomas usados por um menor número de falantes, como o galego, o vêneto, o lígure, o siciliano, o piemontês, o corsa, o napolitano, o sardo, o occitano (de Provença, França), o romanche (da Suíça); o aragonês, o asturiano, valenciano (dialetos do catalão).
Para se ter uma idéia de como os idiomas são parecidos, basta comparar o grau de evolução das línguas românicas a respeito da fonética do latim, segundo os estudos do latinista Marco Pei. Quanto maior a percentagem, mais distante foneticamente a língua é do latim.
- Sardo: 8%
- Italiano:12%
- Espanhol: 20%
- Romeno: 23,5%
- Occitano (provençal): 25%
- Português: 31%
- Francês: 44% (também considerado a filha mais distante do latim)
O artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos em várias línguas neolatinas:
Omnes homines liberi æqviqve dignitate atqve ivribvs nacsvntvr. Ratione conscientaqve præditi sunt et alii erga alios cvm fraternitate se gerere debent.
Toz os sers umanos naxen libres y iguals en dinnidá y dreitos. Adotatos de razón y conzenzia, deben comportar-sen fraternalmén unos con atros.
Tolos seres humanos nacen llibres y iguales en dignidá y drechos y, pola mor de la razón y la conciencia de so, han comportase hermaniblemente los unos colos otros.
Ta la proussouna neisson lieura moé parira pà dïnessà mai dret. Son charjada de razou moé de cousiensà mai lhu fau arjî entremeî lha bei n'eime de freiressà.
Nascinu tutti l'omi libari è pari di dignità è di diritti. Pussedinu a raghjoni è a cuscenza è li tocca ad agiscia trà elli di modu fraternu.
Todos los seres humanos nacen libres e iguales en dignidad y derechos y, dotados como están de razón y conciencia, deben comportarse fraternalmente los unos con los otros.
Tots els éssers humans neixen lliures i iguals en dignitat i en drets. Són dotats de raó i de consciència, i els cal mantenir-se entre ells amb esperit de fraternitat.
Tous les êtres humains naissent libres et égaux en dignité et en droits. Ils sont doués de raison et de conscience et doivent agir les uns envers les autres dans un esprit de fraternité.
Ducj i oms a nassin libars e compagns come dignitât e derits. A an sintiment e cussience e bisugne che si tratin un culaltri come fradis.
Tódolos seres humanos nacen libres e iguais en dignidade e dereitos e, dotados como están de razón e conciencia, débense comportar fraternalmente uns cos outros.
Ogni essere umano nasce libero ed eguale in dignità e diritto. È dotato di ragione e di coscienza e deve agire verso agli altri in spirito di fratellanza.
Tolos seres humanos nacen llibres y iguales en dinidá y dreitos y, dotaos comu tán de razon y conciencia, débense comportare los unos colos outros dientru d'un espíritu de fraternidá.
Totes los èssers umans naisson liures e egals en dignitat e en dreches. Són dotats de rason e de consciéncia e se devon comportar los unes amb los autres dins un esperit de fraternitat.
Tos lès-omes vinèt å monde lîbes èt égåls po çou qu'èst d' leû dignité èt d' leûs dreûts. Leû re°zon èt leû consyince elzî fe°t on d'vwér di s'kidûre inte di zèle come dès frès.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Tóuti lis uman naisson libre. Soun egau pèr la digneta e li dre. An tóuti uno resoun e uno counsciènci. Se dèvon teni freirenau lis un 'mé lis autre.
Tuots umans naschan libers ed eguals in dignità e drets. Els sun dotats cun intellet e conscienza e dessan agir tanter per in uin spiert da fraternità.
Toate fiinţele umane se nasc libere şi egale în demnitate şi în drepturi. Ele sunt înzestrate cu raţiune şi conştiinţă şi trebuie să se comporte unele faţă de altele în spirit de fraternitate.
Totu sos èsseres umanos naschint lìberos e eguales in dinnidade e in deretos. Issos tenent sa resone e sa cussèntzia e depent operare s'unu cun s'àteru cun ispìritu de fraternidade.
E isso, são só os idiomas latinos. A influência que o latim teve em diversos outros idiomas, futuramente abordarei como tema quando falar destes idiomas.Tos lès-omes vinèt-st-å monde lîbes, èt so-l'minme pîd po çou qu'ènn'èst d'leu dignité èt d'leus dreûts. I n'sont nin foû rêzon èt-z-ont-i leû consyince po zèls, çou qu'èlzès deût miner a s'kidûre onk' po l'ôte tot come dès frés.
Ainda hoje o latim é usado para nomes científicos (canis lupus, nada mais é do que o nome científico para lobo) e termos jurídicos (habeas corpus é um exemplo). E se você realmente quer entender porque algumas palavras, verbos e toda a gramática de um idioma latino é de um certo modo, só aprendendo latim, para entender o motivo e a origem.
Fonte: Wikipédia e o livro ein Streifzug durch die Sprachen der Erde.
P.S.: Sim eu gosto de idiomas.
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